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Novembro Negro movimenta o Campus Jacobina até esta sexta-feira (2)

Palestras, oficinas, apresentações culturais, exposições, cines-debate e minicursos são destaques na programação do evento.
por Verusa Pinho publicado: 02/12/2022 09h20, última modificação: 02/12/2022 14h15

Evento anual que busca promover o diálogo acerca das questões ligadas à (des)igualdade étnico-racial, a 8ª edição da Semana da Consciência Negra do Campus Jacobina do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) começou na última terça-feira, 29, e segue até este dia 2 de dezembro. 

Na abertura, o diretor geral do Campus, professor Ricardo Mesquita, ressaltou a importância do debate sobre o tema, bem como a satisfação do envolvimento da comunidade, sobretudo discente, nos eventos institucionais. 

Em seguida, a diretora de ensino, Fabiana França, destacou a necessidade de o Instituto discutir essas questões, enquanto campo de produção do conhecimento, expandindo o saber para fora dos muros da escola: "Esperamos cada vez menos intolerância e mais reconhecimento!", disse. Em sua fala, ainda citou as singularidades e desigualdades históricas presentes na sociedade: "Somos diferentes e é isso que faz com que a gente cresça". 

O coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi), professor Arivaldo Souza, também representante da comissão organizadora do evento, explicou sobre o núcleo, recém-formado localmente, bem como a tradição institucional do Novembro Negro. 

Para finalizar a mesa de abertura, o estudante do 1º ano de informática Alexandre Santos, integrante de comunidade quilombola, comentou acerca da importância da consciência negra nas escolas para valorização da cultura dos antepassados e reflexão sobre o racismo ainda existente em nosso país. 

Ao lado dele, a jovem Letícia França, aluna do 2º ano de mineração, e integrante do Neabi, convidou todos os discentes a prestigiar o evento, que segue até sexta-feira, 2/12: "Enquanto mulher negra, agradeço ao IFBA por essa abertura para as diversas representações. Convido todos/as para participar da programação com comprometimento. A Consciência Negra é fruto da luta de nossos ancestrais!", disse. 

Após essa apresentação inicial, estudantes do 4º ano de mineração subiram ao palco para protagonizar a peça teatral Olhos que condenam, baseada em fatos reais, cujo foco é um dos casos mais emblemáticos da história norte-americana, que envolve a condenação e a prisão de cinco jovens negros sob a falsa acusação de estupro.

Ainda houve apresentação de slides enfatizando personalidades negras, seguida de música, a partir de coral formado por estudantes e professores do campus, além de músicos renomados de Jacobina, sob regência do docente de artes Eduardo Fagundes. Entre as canções, esteve em destaque 14 de maio, composição de Jorge Portugal/Lazzo Matumbi, que questiona o contexto pós-escravidão.

Durante a tarde, ocorreu oficina com integrantes do grupo de turismo de base étnico-racial e agricultura familiar Grota Quilombola, de Mirangaba/BA, sobre empreendedorismo das comunidades quilombolas no Piemonte da Diamantina. À noite, o destaque foi a palestra Tecnologia e Negritude, com a convidada Rayssa Amorim.

Programação

Na quarta e quinta-feira foi o momento das salas temáticas, dos minicursos e cines-debate, além de mais oficinas. Entre os assuntos em evidência estão: personalidades negras e representatividade; racismo recreativo e na perspectiva das pessoas com deficiência; acessibilidade comunicacional; Nazismo e seus efeitos; expressões racistas; trabalho e raça; identidade, preconceito e diversidade cultural.  

Na manhã desta sexta-feira, 2, último dia de evento, houve sarau cultural e mesa-redonda acerca da matriz afro do povo brasileiro.

Acompanhe os detalhes em www.even3.com.br/8scnjac/ e participe! As inscrições seguem abertas.

Saiba Mais

O evento encontra amparo na Lei nº 10.639/2003, que altera a Lei nº 9.394/1996 - Diretrizes e Bases da Educação Nacional -, para incluir no currículo oficial das redes de ensino a História e Cultura Afro-Brasileiras. Com a Lei nº 12.519/2011, que institui o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, o mês de novembro se torna ainda mais emblemático para uma luta que atravessa mais de 300 anos em meio a opressões, tentativas de apagamento e silenciamento. 

A partir dos dispositivos legais, o Parecer CNE/CP nº 3/2004 ofereceu uma proposta que atendeu aos “anseios que apontaram para a necessidade de diretrizes que orientem a formulação de projetos empenhados na valorização da história e cultura dos afro-brasileiras e dos africanos, assim como comprometidos com a educação de relações étnico-raciais positivas, a que tais conteúdos devem conduzir”. Derivada do parecer, a Resolução CNE/CP Nº 1/2004, por sua vez, passa a instituir as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.

* Verusa Pinho é jornalista do Campus Jacobina.